quinta-feira, 24 de março de 2016

TODO VARGINHENSE É BICHA

Hoje, o blogue do Grito do Rock não traz um assunto inédito ou exclusivo, como tem sido frequente. Nosso assunto de hoje é polêmico, e bem-humorado. 

Nos idos de 2012, a crônica "Todo Varginhense é bicha", do cronista Lelo de Brito*, agitou a Cidade do E.T.

Após longa peregrinação da crônica pelos mais respeitáveis órgãos de imprensa em atividade na cidade, onde sua publicação foi considerada assunto psiquiátrico, prosa de doidivanas, o sempre arrojado jornal Tribuna Varginhense decidiu publicá-la: foi um sucesso!  

Divertindo ativos,  passivos, relapsos e simpatizantes, após a primeira publicação a crônica foi veiculada em outros jornais de Varginha e Três Corações, e foi parar na publicação oficial da Parada Gay de Alfenas.

Confira!

Bandeira Gay - imagem ilustrativa
TODO VARGINHENSE É BICHA

Advertência: os personagens desta crônica são reais apenas no universo da ficção, não emitem opinião sobre pessoas ou lugares.

Ao jornalista Tarso de Castro, que tinha um pacto com a vida,
e não se importava se ela não cumpria a parte dela.


Todo varginhense, seja homem ou mulher, é bicha.

Silvio Brito é bicha, o ex-prefeito Corujinha é bicha e Jorge, o editor do jornal Tribuna Varginhense, é bicha também. Karina Braga Baroni Carvalho, ex-primeira dama municipal, e Romana Serenini, são bicharocas. Antônio Silva e sua digníssima não deixam por menos: são bichas. Acayaba é o nome de uma tradicional família varginhense de juristas bichas, e a FADIVA talvez seja a primeira faculdade homoerótica de direito do Brasil. Os barões do café varginhenses são bichas que fornicam nas plantações desde os tempos do Império. E Jamaica, o cantor, e Tereza Zambotti, são bichas. Os freqüentadores do Pinga com Torresmo são bichas e, no Jardim Elétrico, dezenas de jovens bichas fazem fila todos os finais de semana para olhar a bunda uns dos outros enquanto não conseguem entrar. O E.T de Varginha é uma bicha intergaláctica, os organizadores do Festival de Cinema da cidade são bichas e o Café da Fonte é freqüentado por bichas que se consideram da alta sociedade varginhense. Nos pontos de ônibus da cidade centenas de bichas esperam pela condução todos os dias. Dimas, Poliana e Diogo Magalhães, da Banda Arkanjos, são uma família de músicos bichas. Ai que saudades eu sinto de tomar uns porres com Ivanei Salgado, jornalista varginhense bicha e grande amigo meu. Sua filha, Beatriz, desde o berço já era bicha. O Tuatha de Dannan e Betão da banda MR. Zé são bichas roqueiras. Os jogadores do BOA são bichas atléticas esbeltas e os frequentadores do VTC e do Clube Campestre são bicharocas também. O agitador cultural Michel é uma bichona desvairada. A Câmara dos Vereadores é composta por 11 bichas enrustidas. O radialista Raimundo é uma bicha folclórica e a jornalista Thayane Viana de Carvalho é uma bicha ativa na comunicação da Prefeitura. Padre Sebastião Abreu Salgado é uma bicha devota, e Mariangela Calil é a bicha que dá nome à concha acústica da Praça da Fonte. Vocês, desocupados leitor e leitora, são bichonas histéricas.

A Kátia da zona é a única heterossexual da cidade.

Bichas são sensíveis, acenam ao máximo nas despedidas e são espontâneas. Falam sobre sexo sem culpa e dançam com os braços erguidos, porque tiveram que reinventar a sexualidade e os princípios apesar da caretice dos preconceitos. Viver apesar dos preconceitos é um exercício diário de leveza, requer a sabedoria de recusar o ressentimento e levar consigo apenas o essencial.

E Varginha parece ter entendido essa lição. Para se estabelecer como um dos principais centros do Estado mineiro, além de investir em crescimento econômico a cidade se movimenta a passos largos em direção à civilização; libertando-se dos condicionamentos culturais. Varginha é uma das primeiras cidades mineiras a promover sua Parada Gay, que acontece em setembro.

Um evento assim só ganha espaço onde a sociedade compreende que ser chamado de bicha não pode soar insultuoso, deve ser antes um chamamento à tolerância e à igualdade; neste mundo povoado por subjetividades coaguladas em tradicionalismos arcaicos e que costumam morrer no ressentimento. 

Somos todos diferentes e merecemos oportunidades iguais. Sexo não tem sexo, e o amor também não. 

Todo varginhense é bicha!

*Lelo de Brito, 35 anos, é cronista e editor do blogue Costela Social

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